O presente estudo teve por objetivo traçar o perfil sociodemográfico, de saúde física e mental, e a ocorrência de transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas entre acolhidos de instituições religiosas católicas que atuam no campo da dependência química, com a finalidade de direcionar ações para aumento da eficiência terapêutica nesses ambientes e promover estratégias eficientes de prevenção de recaída.

Estudo de corte transversal realizado através de entrevistas com 44 acolhidos nas Casas de Acolhida da Fraternidade O Caminho e Associação Aliança de Misericórdia, utilizando os seguintes instrumentos: Questionário sociodemográfico e histórico de uso de substâncias, Escala de Saúde Geral, Escala AUDIT, Escala SDS para rastrear dependência de maconha e cocaína, Mini Exame do Estado Mental.
Observou-se nesta amostra importante vulnerabilidade social e fragilidade dos vínculos familiares e sociais. As comorbidades psiquiátricas, ansiedade e depressão, foram as patologias mais citadas na Escala de Saúde Geral, no entanto, não foram detectadas em prevalência superior à da população geral, como era de se esperar para essa população conforme literatura científica. A maioria dos entrevistados foi encaminhada ao tratamento por pessoas religiosas e julgava a religiosidade importante fator no processo de recuperação.

A dependência química é um problema social, de saúde pública e fonte de muito sofrimento humano. Não existe um modelo etiológico que responda a todas as questões referentes a ela e a eficácia do tratamento depende do contexto e características de cada indivíduo. As ciências médicas, sociais e religiosas são recursos importantes para melhor compreensão do ser humano e de como ajudá-lo.

Palavras-chave: dependência química, religiosidade, comorbidades psiquiátricas, vulnerabilidade social, comunidade terapêutica.

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